sexta-feira, 14 de novembro de 2008

FEITO EXTRAORDINÁRIO (?)


Pode um filme com 4 horas de duração, filmado em mini-dv, que não contou com nenhum apoio governamental e que teve um custo de 30.000 dólares comover à crítica cinematográfica de um país ao ponto de considerá-lo um marco da historia do cinema?

Na Argentina, sim. O conseguiu “Historias Extraordinárias” de Mariano Llinás. Um filme de aventuras que acontece na província de Buenos Aires, com três capítulos que se sub-dividem através de um labirinto de estórias – uma delas acaba na África!

Disse o crítico Quintin: “Os logros cinematográficos de Historias extraordinárias são múltiplos, mas só foram possíveis graças à maneira como foi produzido. È um filme exuberante cujo limite é a imaginação e seu secredo, a velocidade. No começo o filme se estrutura apartir de três histórias-base: a do X, que testemunha involuntariamente um crime no meio do campo e comete outro; a do Z, que descobre a vida dupla de seu antecessor no seu trabalho, e a do H, que deve localizar certos monumentos na beira do rio Salado. O filme é um hino à paisagem da Província de Buenos Aires, ao seu encanto oculto, à sua quase invisível magia marcada pela lentidão e carregada de obscuros mistérios. Em cada história há pelo menos uma que se divide por sua vez em outros mistérios e outras histórias. A realização de Llinás é notávelmente original: uma voz em off leva adiante a narração mas não de forma rotineira nem uniforme: as vezes adianta-se, as vezes acompanha o que se vê, as vezes substitui a história e outras desaparece. È um registro duplo que compõem um texto muito elaborado e imagens de sugestiva precisão.”

Esse é o tom médio da imprensa cinematográfica sobre o filme. As dificuldades de exibição devido a sua duração limitam bastante a possibilidade de divulgação de HE.

Saber se a obra é tudo isso que estão dizendo, só tendo a oportunidade de assistir ela. Mas a princípio é promissória a idéia de que um trabalho independente de verbas oficiais e filmado com recursos básicos possa gerar um entusiasmo tão grande numa comunidade.

Termino com as palavras de Leonardo M. D’Espósito.“O grande secreto do filme é que um monte de pessoas que amam muito o cinema acharam a forma de comunicar esse amor e contagiar seu entusiasmo por aquilo que estão fazendo e contando.”

Espero poder conferir, e curtir.

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