terça-feira, 4 de novembro de 2008

Numa pobre cidade do interior (Romeno)




No próximo sábado vamos passar no Cine Clube Villa Maria o último filme do ciclo que chamamos “Cinema ao redor de uma mesa”: 12:08 A Leste de Bucareste. O filme romeno dirigido por Corneliu Porumboiu – Ganhou ano passado o premio Câmera de Ouro em Cannes para o melhor diretor estreante.

Filmes que acontecem num ambiente único são boas amostras de como é possível fazer cinema com poucos recursos. Se elementos tais como o ritmo, a mise en scène (como a cena é organizada) e atuações são sempre fundamentais para lograr um filme interessante, no caso em questão se transformam em absolutamente necessários.

12:08 A Leste de Bucareste, poderia ser filmado em nossa cidade. E não apenas por prescindir de recursos caros. Num programa de TV local de uma cidade perto da capital, tenta-se desvendar se a população local participou do movimento que derrocou o ditador Nicolae Ceaucescu. Para isso, são convidados um professor universitário que garante ter sido um dos “revolucionários”, e um senhor que esta lá apenas porque faltou um outro convocado.

Disse o crítico Marcelo Hessel do site Omelete.com.br: [...]“À discussão, portanto. A estrutura da narrativa se altera dentro do carro de Jderescu, no caminho para o estúdio. É como uma passagem, o sinal que divide no meio a equação de Porumboiu, um movimento de câmera para encontrar a perspectiva definitiva de olhar. A parte do debate toma o quarto final do filme, ou mais. Não há muito movimento cênico - a câmera fica fixa diante do três homens, voltados para ela. E é naquele espaço exíguo, com margem mínima de manobra tanto espacial quanto dramatúrgica, que A Leste de Bucareste cresce e nos ganha. Numa espécie de papo direto entre os personagens e o espectador, quando pela primeira vez temos os close-ups dos protagonistas, é que eles se revelam.”
“Porumboiu faz mágica. Flerta com a caricatura musicada, típica de um Kusturica, mas mantém a humanidade dos personagens - em especial, Manescu, protagonista formidável em sua complexidade, agarrando-se num último fio de dignidade. O diretor adere à comédia textual e do absurdo, mas deixa brechas para o humor físico. E insere seus comentários políticos sem panfletarismo, também no limite entre o registro da realidade pura e a licença poética.”
“É difícil explicar como um filme tão espartano em seu método e em suas imagens consegue nos passar a impressão de ser tão livre, improvisado, até. Para uma estréia (devidamente agraciada com a Camera D'Or em Cannes), a confiança de Porumboiu nas suas escolhas é notável.”


Sábado, 8 de novembro, 16:30h na Casa de Cultura Villa Maria

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