segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Para esquentar o blog

No post de Alexandro sobre A Noite Americana fiz um comentário sobre Godard. O diretor suizo é quase uma unanimidade dentro do mundo cinéfilo e poucos se animam a criticá-lo. Mas o fato é que seus filmes não podem ser desfrutados. Quem os assiste como um inocente espectador disposto a ver uma história sairá defraudado, e o pior é que não poderá contar isso a nenhum cinéfilo sem correr o risco de ser chamado de ignorante!

Uma das poucas vozes que se atreveu a falar mal de Godard foi o diretor espanhol Fernando Trueba, ganhador do Oscar pelo filme Belle Epoque, em seu livro Dicionário do Cinema:

"Godard é o anti-Ford. Os filmes de Godard são realizados para a análise; não existem fora da literatura que geram. São a negação do cinema, seu fim, seu limite. Como naquelas representações medievais do planeta, Godard é o abismo onde toda comunicação perde por excesso, toda poesia desaparece por autoconsciência, toda verdade por fingimento. As obras primas de Godard são suas entrevistas, sempre mais interessantes do que os filmes que acompanham e que pretendem iluminar. O cinema de Godard é teórico e por isso é anti-cinema, o contrário ao cinema, que é só tempo enquanto a especulação teórica é a negação do movimento temporal, é um instante suspenso onde a vida pára para que seja possível o pensamento.
[...] Em 1952, Godard escreveu: “ diante da pergunta ‘o que é o cinema?’, primeiro responderei: a expressão dos belos sentimentos”. Ora, é difícil encontrar na história do cinema alguém que com sua obra tenha se afastado tanto dos seus propósitos iniciais. Pelo menos, isto é algo que nem os estudiosos de Godard se atrevem a contestar."

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